Espera
Olhe-me...
Ainda respiro e espero...
Mas que eu quero...,tarde a chegar...
E todas as estórias, que me vêm consolar...,
Só contam inglórias...,amores desfeitos...,
Perdidos em leitos...,
Que não se deixam deitar...
Mas o que eu quero...,
Tão simples e sincero,
É afogar-me de amor...,
Perder-me em espaço pequeno,
Calmo e sereno...,
Que traduz-me repouso ameno,
Em braços que se deixam ficar...
Olhe-me...
Ainda respiro e espero...
Que deseje deitar-se ao meu lado...,
Despir-se com o olhar calado...,
Penetrante em meus olhos cansados...
Aproximar as faces..., tocar os lábios...,
Os dentes..., a lÃngua...,como loucos amados...
Deixar-se adentrar...,como selvagem na mata,
Em busca da presa, que se procura e se mata,
Se sacia e se afaga...,se bebe e se acaba...,
Num sopro de nada...,como o vento da tarde,
Que me acorda e se passa...,sobre o leito sem graça..,
Sobre a espera..., o respirar...
Sobre o sonho que não se acaba,
Sobre os dias medonhos...,das noites vazias...,
Em que vou me deitar...!
26/08/1977
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